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Cordão de Girassol agora é Lei em Guarujá. Você sabe o que é?

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Após instituir lei que garante atendimento prioritário em estabelecimentos públicos às pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Guarujá sanciona lei do Cordão de Girassol, que identifica e assegura prioridade a portadores de deficiências ocultas

Tatiana Macedo
Da Reportagem

Recentemente, foi sancionado em Guarujá o uso do Cordão de Girassol como instrumento auxiliar para identificação de pessoas com deficiências ocultas. A ação tem como objetivo garantir o atendimento prioritário e a inclusão, por meio da comprovação da deficiência no momento da abordagem.

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Entende-se por deficiências ocultas, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtornos ligados à demência, Doença de Crohn, colite ulcerosa e fobias extremas. A parir de agora, todos estão respaldados por Lei no município de Guarujá.

Uma vitória para as pessoas portadores dessas deficiências e seus responsáveis, sem dúvidas. Porém, a nossa reportagem apurou que as leis municipais que respaldam o atendimento prioritário e a inclusão desses portadores de deficiência estão pouco divulgadas na Cidade.

Desde 2017, a prefeitura sancionou a Lei 4.376/2017, que “obriga os estabelecimentos públicos e privados no Município de Guarujá a inserir nas placas de atendimento prioritário o símbolo mundial do autismo e dá outras providências”. Na Lei, “entende-se por estabelecimentos privados, supermercados, bancos, farmácias, bares, restaurantes, lojas em geral e similares.”

Segundo Renata Araújo, mãe de duas crianças portadoras de TEA, a maioria das pessoas, até as mais idosas não reconhecem a realidade do atendimento prioritário nos locais privados. “Muitas vezes eu tive que mostrar a carteirinha da Apaag (Associação de Pais e Amigos de Autistas de Guarujá) para conseguir o atendimento prioritário. Sempre duvidaram que eles realmente são autistas se estavam quietos, pois não demonstram fisicamente a deficiência”, conta.

Renata diz ainda que “na farmácia onde eu compro remédios para meus filhos as atendentes já me conhecem. Mas, sempre há reclamação por conta de me atenderem com prioridade. Em alguns mercados, também há sempre alguma reclamação, pois quando entro na fila de prioridade e tem uma senhora atrás de mim, ou uma mãe com o filho no colo, me olham diferente, como se eu estivesse no lugar errado. Até por parte da atendente sou questionada”, afirma.

Para Renata, além de não haver uma uniformidade sobre a informação de prioridade desse público para a população em geral, muitos estabelecimentos não cumprem a lei colocando visível as placas com o laço colorido, que indica prioridade, também, para o autismo.

“Essa Lei do Cordão de Girassol é muito importante, mas é preciso que seja divulgada a sua função, pois se ninguém conhece o que significa, o problema vai continuar o mesmo”, pontua.

A vice-presidente da Apaag, Corine Clara Esteves, que também é mãe de um portador de TEA, acredita que o cordão vai ajudar muito na recepção nos locais de atendimento. “Muitas vezes não dá para perceber que a pessoa é autista. Aconteceu com um dos nossos atendidos recentemente, por exemplo, que ele teve uma crise dentro do ônibus. Se ele estivesse com o cordão já ajudaria a mostrar que ele tem algo de especial”, acredita.

“Até mesmo constrangimentos, por exemplo, em bancos podem ser sanados com esse cordão. Mas, tem que ter divulgação, pois nós temos nossas carteirinhas de identificação e mesmo assim temos problemas com pessoas que não entendem essa prioridade”, pontua Corine.

Atendimento no comércio precisa se adequar

A reportagem esteve no comércio local, no Centro da cidade, e comprovou que o atendimento prioritário para autistas, embora não esteja identificado na maioria dos estabelecimentos com as placas, é reconhecido pelos atendentes. Inclusive nas agências bancárias.

Mas, já sobre o Cordão de Girassol, recentemente sancionado em Guarujá, e reconhecido mundialmente como símbolo das deficiências ocultas, nenhum dos funcionários dos estabelecimentos visitados sabe do que se trata.

“Nunca ouvi falar”, respondeu Janete Vilar, atendente da loja Porto Seguro. A balconista de farmácia, Sandra Abreu, disse que “temos o atendimento prioritário para autista”, apontando o laço na placa acima do caixa (em um dos poucos estabelecimentos visitados que possui a sinalização), “mas não conheço o Cordão de Girassol”, completou. A vendedora da Cacau Show, Alana Luíza, também respondeu para a nossa reportagem que não sabe do que se trata o Cordão de Girassol.

Corine, da Apaag, acredita que é uma evolução o município sancionar Leis que apontam para a causa. “Ajuda muito, pois temos como nos identificar sem que nos perguntem o motivo de estarmos ali. Mas, a conscientização precisa ser mais implementada, caso contrário não vai funcionar.

Lembra da Renata, que falamos no início da reportagem? Ela já usa o Cordão Girassol em seu chaveiro há algum tempo, comprado fora da cidade, mas percebeu que ninguém conhece. Até mesmo ela não sabia que o aparato tinha esse nome.

“O que a gente precisa agora é que a Prefeitura distribua esse cordão gratuitamente e divulgue bastante nas escolas, em todos lugares, na cidade”. E complementa: “Eu o conhecia como cordão do autismo, mas não como Cordão de Girassol, que amplia o reconhecimento à outros tipos de deficiência”, finaliza.

Como é o cordão?

O cordão consiste numa faixa estreita de tecido da cor verde e com estampas de girassóis, podendo ter um crachá com informações úteis, a critério do portador. O uso do cordão é facultado aos indivíduos que tenham deficiências ocultas, bem como a seus acompanhantes e atendentes pessoais.

O que diz a Lei?

Os estabelecimentos públicos e privados devem orientar seus funcionários e colaboradores quanto à identificação de pessoas com deficiências ocultas, a partir do uso do Cordão de Girassol e, além disso, realizar campanhas informativas.

Os idealizadores do cordão de girassol foram os funcionários do aeroporto Gatwick, em Londres, que em 2016, transformaram o acessório em um símbolo de apoio para pessoas com deficiências ocultas. Hoje ele é conhecido mundialmente e se tornou lei federal no Brasil.

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