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Sambaqui: uma relíquia deixada há 8 mil anos em Guarujá

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Guarujá é uma cidade conhecida mundialmente por suas belas praias e a natureza acentuada. O que muitos não sabem é que a Ilha de Santo Amaro contém uma riqueza histórica, que a coloca entre as ocupações mais antigas do Brasil.

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Para se ter uma ideia, há registro de que a nossa ilha já era habitada há mais de 8 mil anos! Mas, Tatiana, como assim? Então vamos lá… Primeiramente, você já ouviu falar nos sambaquis? Não! Nada tem a ver com música! (rs).

Embora o termo dê nome a inúmeras pousadas e restaurantes pelo litoral de São Paulo, são poucos os que sabem o que, afinal, é um sambaqui.

Os sambaquis são formações constituídas, principalmente, de conchas de moluscos, formadas ao longo de milhares de anos pelas populações que habitavam regiões litorâneas.

Essas conchas eram descartadas após o consumo dos moluscos, formando imensas montanhas. Por isso o nome: sambaqui, palavra que vem do Tupi-guarani “tamba´ki”, que significa “monte de conchas. Esses locais eram considerados sagrados e de rituais fúnebres.

Aí que entra a nossa identidade milenar. Um sítio arqueológico no Canal de Bertioga, aqui do nosso lado de Guarujá, revela que grupos pré-históricos habitaram o litoral paulista há mais tempo do que se imaginava.

O monte de conchas, submerso no mangue, prova que a população de caçadores-coletores-pescadores, muito antes dos índios tupis, viveu por aqui ainda no final da Era Glacial.

Primeiros Sambaquis foram descobertos em 1954, em Guarujá

Segundo registro do jornalista Marcos Santana, que conta em seu site algumas boas histórias, o sítio arqueológico de Guarujá foi descoberto por arqueólogos da Universidade de São Paulo (USP).

Um dos sambaquis, encontrado na praia do Mar Casado, foi pesquisado por uma equipe de arqueólogos coordenada pelo francês Joseph Emperaire, em 1954, e pelo brasileiro Paulo Duarte, a partir de 1961.

Os pesquisadores descobriram, no sambaqui batizado como Maratuá, diversos vestígios e 12 esqueletos, entre eles um do sexo feminino, cujo crânio tinha pequenas conchas afixadas na testa, que eles acreditam que faziam parte de um ritual funerário.

A fotografia daquela relíquia ficou conhecida como “Miss Sambaqui”, e passou a ser usada com logotipo do Instituto de Pré-História da Universidade de São Paulo.

Miss Sambaqui fazia parte da população de pescadores e coletores que viveram no litoral brasileiro, durante a Pré-História.

Segundo Silvia Cristina Piedade, pesquisadora do Museu de Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP), aquele povo era nômade, tinha muita preocupação com a morte, e enfeitavam os mortos.

Os sambaquis eram locais sagrados onde enterravam os indivíduos. Estudiosos divergem sobre o final dessa pequena civilização.

Algumas correntes defendem que foram mortos com a chegada dos tupiniquins e tupinambás ao litoral paulista, outros creem que tiveram a cultura incorporada.

Diferentemente dos tupis, os construtores de sambaquis não plantavam ou faziam cerâmicas, mas eles também conheciam o fogo.

Sítios arqueológicos de Guarujá têm o Sambaqui mais alto do Planeta

Dos 15 sambaquis localizados em Guarujá, 12 estão no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (Iphan).

Entre eles, o Crumaú, que tem 31 metros de altura, 400 metros de comprimento e 100 metros de largura. Localizado no Rio Crumaú, região de mangue entre a Serra do Guararu e o Canal de Bertioga, é considerado o sambaqui mais alto do planeta. Na maré cheia, ele fica praticamente submerso.

Há também os sambaquis Largo do Candinho, Monte Cabrão e Monte Cabrão 2, Largo do Candinho 2, Largo do Candinho 3 e Sítio Crumaú 2.

Pesquisadores da USP coletaram mais de duas mil peças, entre conchas, pedras, ossos, dentes trabalhados e restos animais e humanos. As relíquias estavam sobre o esqueleto de uma baleia encalhada que se conservou praticamente inteiro.

Hoje, uma parte das peças faz parte do acervo do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (antigo Museu de Pré-História) e o restante, a maior parte, foi incorporado ao acervo do Museu de História Natural de Paris, na França.

Segundo relatos, os arqueólogos só encontraram um terço do sambaqui original, pois o restante havia sido destruído ou retirado do local para servir de adubo nas plantações próximas.

Também há registros de que o material extraído dos sambaquis foi moído e misturado com areia e óleo de baleia e usado como argamassa na construção dos fortes da região.

Produtora de conteúdo e eventos homenageia relíquia histórica

Recém lançado, o Portal Sambaqui é um site com objetivo de promover conhecimento com a marca da longevidade de conceitos como credibilidade, tradição e liberdade de expressão. De Guarujá para o mundo e do mundo para Guarujá, a intenção é discutir ideias e comportamentos, noticiar fatos e mostrar o que acontece por aqui e por aí.

Assim como aqueles que produziram os sambaquis do passado, nosso intuito é desbravar e participar da transformação da cultura local, da renovação da sociedade, ajudando a planejar o futuro com ideias, eventos e ações. E, quem sabe, deixar nosso legado para daqui oito mil anos. Vai lá conhecer.

Para dar início à nossa jornada, vem aí o 2º Festival Internacional de Balonismo de Guarujá, que vai acontecer dia 20 de agosto, na Praça Horácio Lafer, a partir das 16 horas. No primeiro, reunimos 15 mil pessoas com muita alegria e colorido. Já fica o convite.

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