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Opinião

Editorial – Quando deixarmos de ser uma ilha

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Mais um feriado prolongado chega e com ele, os mesmos problemas dos últimos anos: a mobilidade do trânsito entre Santos e Guarujá. Na última semana, devido à mudança no tempo, com frentes frias chegando à costa, as condições meteorológicas provocaram mudanças nas marés e ventos fortes que, mais uma vez, ocasionaram interrupções na travessia e filas quilométricas nas duas margens.
Esta edição destaca encontro entre prefeitos e autoridades portuárias da região que, entre outros assuntos, discutiu a ligação seca entre as duas margens do porto. Seja qual o modal escolhido ao fim de tanta reunião, é imperioso que a ‘vontade de fazer’, crucial em política, seja desenvolvida em todas as fases do processo.
Guarujá é uma potência econômica em germinação que depende dessa vontade de fazer mais do que nunca, pois com turismo, porto e aeroporto, concentra três dos setores mais importantes do país.
Por isso, precisa com urgência integrar-se ao resto do país e deixar de ser uma ilha.
Essa é a resposta que esperamos ver realizada.


 

New Deal no Brasil

Bairro simples da periferia. O cheiro de café ainda estava pela cozinha e transpunha a sala com móveis simples, um sofá velho e uma antiga televisão que tinha em cima dela algumas xícaras, daquelas que têm o nome do time timbrado. Na cozinha, a mesa com uma toalha de plástico dessas grudentas que têm a marca do copo de café. E lá ia ele, o Moacir, mais um dia descendo as escadas do andar de cima da sua pobre casa, já anestesiado pelo gosto forte do café, revendo os tijolos à vista de sua casa, que estava sendo construída há mais de dez anos, com o esforço da esposa e dos dois filhos adolescentes.
Toda manhã, ele dizia à esposa que acordava com uma “coisa apertando o peito”, uma tristeza, uma vontade de não mais se levantar da cama… pura depressão. Pelos vizinhos que se alvoroçavam com notícias de que um novo supermercado iria contratar mais de 600 pessoas, lá ia ele, mesmo com o aperto no peito, com o gosto forte de café na boca, descendo as escadas inacabadas pelo destino, pegar um ônibus e chegar cedo na imensa fila para que a esperança matasse o desalento enfileirado. Estava desempregado há dois anos, e já havia se acostumado a ficar nas imensas filas da esperança, onde cada pessoa podia ser apontada pelo destino e quem sabe ser sorteada para uma vaga de emprego, após passar pelo crivo de recrutadores de olhos sombrios e cheios de pergunta.
Era um Brasil novo, de um novo governo, que sempre falava em “diminuir gastos públicos” e de um tal de “ajuste fiscal”, que prendia o olhar de Moacir na TV, mas nunca falava em desemprego, mas nunca falava em imensas filas e nunca soube o que é acordar com uma angústia no peito disfarçada de esperança por não ter como sustentar a família.
Depois de um dia longo e cansativo, voltava Moacir para casa com a missão cumprida, à espera de um chamado que nunca chegava, de uma chamada no celular pré-pago que nunca acontecia, nem para ele nem para os vizinhos da humilde e triste periferia.
Esse é o Brasil de hoje, em que temos 12,8 milhões de desempregados, 12 milhões que vivem na linha de extrema miséria e 30 milhões que vivem de bico. Realmente a política econômica do Sr. Paulo Guedes não segue o correto curso, e isso me remete ao passado histórico das grandes depressões, como nos EUA entre 1933 a 1937, quando Roosevelt resolveu implementar o New Deal como solução, após tentativas fracassadas do liberalismo econômico.
Com efeito, não há como apenas a iniciativa privada, num mercado interno enfraquecido e debilitado, baseado numa suposta ideologia neoliberal de simplesmente “fazer os ajustes fiscais”, promover o emprego, o desenvolvimento, sem a presença do Estado como ignição à máquina propulsora dos projetos sociais que têm como fim aumentar o emprego e alçar a economia a patamares mais robustos, levando-nos a um aumento da demanda, consequentemente a um aumento do mercado interno e, nesse ciclo virtuoso, combatermos a imensa massa desempregada e desalentada, assim como a desigualdade social.
Promover a Proposta Emergencial como solução de corte de gastos é naufragar nas tentativas anteriores ao New Deal dos anos 30, impondo uma receita de bolo perigosa, em que a insensibilidade liberal impõe desespero aos hipossuficientes. Que caminhos estamos trilhando? Talvez os das casas da periferia, que sempre estão sendo construídas, mas que nunca ficam prontas, talvez por falta de líderes como foi Roosevelt, ou os de desempregados como Moacir, que, mesmo acordando angustiado, desce as escadas úmidas da casa da periferia, com um gosto amargo de café na boca, na esperança de estar presente nas imensas filas da ilusão, tentando entender o tal “ajuste fiscal” que tanto lhe faz mal… principalmente ao acordar…

Fernando Rizzolo é advogado, jornalista, mestre em Direitos Fundamentais, Professor de Direito


 

 

Havan
Na última semana, a notícia da visita e possível interesse do empresário bolsonarista Luciano Hang em abrir uma filial da sua loja em Guarujá, repercutiu muito bem na cidade. Auto declarado como um brasileiro patriota, o dono da Havan, loja de departamentos que tem cara de Casa Branca e recepciona seus clientes com uma réplica desproporcional da Estátua da Liberdade, chegou de helicóptero, fez uma vistoria no terreno, e se picou da cidade, sem mais firulas a qualquer socialista ou capitalista da cidade. Se essa visita relâmpago resultar em mais empregos com carteira assinada e direitos trabalhistas pagos em dia, diz a boca do povo, ele bem que podia inaugurar a loja já nesta temporada. Oremos.

Será que vem?
Nos bastidores políticos da cidade especula-se que a ex-líder de governo de Valter Suman na câmara municipal, Andressa Salles, seria candidata à prefeito nas eleições de 2020. O boato tomou corpo após pesquisas eleitorais apontarem ela como uma das favoritas ao cargo. Aguardemos.

Mobilidade
A discussão sobre a mobilidade entre Santos e Guarujá também é assunto de vereadores dos municípios da região. Na quarta-feira, dia 13, a Uvebs marcou presença no Workshop Internacional Soluções Modernas de Engenharia Portuária para Túneis Imersos, com a participação de especialistas e autoridades nacionais e internacionais. O evento foi organizado pela Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS).

Mobilidade II
Durante o workshop, especialistas discutiram tecnicamente a viabilidade da construção de um túnel imerso e sua possibilidade para ser a ligação seca entre Santos e Guarujá. O assunto também está em constante debate na Câmara de Guarujá e o secretário geral da Uvebs, vereador Toninho Salgado (PSD), tem representado o colegiado.

Previdência
Continua indefinida a aposentadoria integral com paridade dos professores e demais servidores da prefeitura de Guarujá, garantida por lei municipal questionada pela autarquia Guarujá Previdência. Na segunda-feira (11), os sindicatos dos servidores (Sindserv) e dos professores (Siproem) se reuniram mais uma vez com representantes da autarquia e da prefeitura para debater o assunto.

Previdência II
A reunião, no paço municipal, decidiu que os jurídicos das partes tentarão resolver o problema com uma ação declaratória de constitucionalidade da lei municipal que garante o benefício. Essa lei é questionada basicamente pela secretaria de previdência do governo federal e pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, cujas decisões são acatadas pela prefeitura e por sua autarquia.

Constitucional
Os sindicatos insistem que a lei é constitucional e que foi elaborada para garantir a transferência dos servidores para o regime de previdência própria, em 2012, sem prejuízo nas aposentadorias. Segundo o presidente do Sindserv, Zoel Garcia Siqueira, no processo de migração do regime, foi garantido aos servidores a integralidade e paridade das aposentadorias.

Turismo
Guarujá espera ainda mais turistas nesta temporada. A cidade iniciará as operações de seu estande de informações turísticas no Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini – Concais neste domingo (17). A previsão é atender, a cada final de semana, 22 mil pessoas, até o fim da temporada de cruzeiros no Porto de Santos, em abril de 2020. Na temporada 2018/2019, mais de 600 mil pessoas passaram pelo Concais.

Trânsito
A chegada dos turistas e veranistas que vieram curtir o feriadão de Proclamação da República e Dia da Consciência Negra em Guarujá não deve perder em nada para um fim de semana de verão.

Trânsito II
Durante toda a quinta-feira, a entrada da cidade esteve congestionada devido ao tráfego intenso de carros que chegavam pela Cônego.

Trânsito III
O desafio da administração será na saída da cidade, quando será preciso coordenar farois, acessos à rodovia e à balsa e, ainda, promover a segurança dos visitantes nesses acessos.

 

E cada minuto de atraso na operação portuária representa uma perda enorme para o Porto, para as empresas e para a economia em geral.

Presidente da Santos Port Authority (SPA – nova denominação da Codesp), Casemiro Tércio Carvalho, em defesa do projeto de túnel para a ligação seca entre Santos e Guarujá

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