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novembro

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Um hospital que há 479 anos vem cuidando de pessoas, realmente entende de saúde

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1543. Pois é, há muita gente que não sabe que a Santa Casa de Santos foi inaugurada nessa data, por Brás Cubas. Naquela época, foi considerada a segunda Santa Casa do Brasil, a primeira havia sido em Olinda, a qual já não existe mais. O que significa dizer que a Santa Casa de Santos é o mais antigo nosocômio do nosso país.

E eu fico cá comigo pensando todo o trajeto que a Santa Casa percorreu desde aquela data até esta parte. Quantas vidas foram salvas, quantas não puderam ser, quantas vezes as dores das pessoas foram aplacadas, quantos atendimentos, quantas consolações, quantos médicos por aqui passaram, enfermeiros, funcionários de modo que ela pudesse cumprir de maneira magistral a sua missão.

Da inauguração para cá, as atribulações foram muitas, várias vezes mudando de lugar, alugando espaços, para que o serviço não fosse interrompido até chegar no ano de 1945, quando o prédio atual ficou pronto. A importância foi tão grande que o próprio Getúlio Vargas veio inaugurá-la.

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Hospitais de benemerência, que não objetivam lucro, vivem de doações governamentais (que são poucas), ou da caridade de muitos que, sendo cidadãos mais conscientes, ajudam instituições como essas a se manterem de pé. Mas nem sempre os recursos são suficientes.

Desta forma, as verbas recebidas acabam sendo destinadas às ações fundamentais: remédios, médicos e demais profissionais da saúde, equipamentos, enfim, tudo aquilo que um hospital precisa para a nobre missão de manter o ideal maior de salvar a vida de seus pacientes.

E assim, um azulejo que cai, um piso que quebra, uma pintura que falta, um pequeno conserto aqui e acolá, são coisas menores que vão ficando para trás. Com o tempo, a Santa Casa manteve sua grandeza, mas perdeu a beleza que merecia ter, ficou triste, escura, até mesmo sombria.

Até que um dia, como uma fênix ressurgida das próprias cinzas, ela se ergue e alcança novamente a beleza e a eficiência que sempre esteve destinada a ter, por isso, foi Top of Mind por dois anos consecutivos na cidade de Santos, atendendo inclusive toda região.

E hoje com a provedoria de Ariovaldo Feliciano, os sonhos são maiores ainda. Com certeza, a Santa Casa, de grande ela se tornará gigante – mas não cabe a mim dar spoilers hoje aqui.

E por que estou dizendo tudo isso? É que depois de 479 anos vim ter com ela para um procedimento cirúrgico especialíssimo. Uma cirurgia robótica diferenciada e que requeria uma grande técnica.

Quando cheguei no dia 12 de maio para ser internado o que eu vi foi algo diferente daquilo que tinha visto antes em visitas anteriores. Um hospital alegre, de paredes brancas, piso de granito em muitas alas, um centro cirúrgico que nada deve aos melhores que conheci em São Paulo.

E o mais importante: o clima de tranquilidade e segurança que a Santa Casa me proporcionou. Desde a recepcionista até os médicos, passando pelas enfermeiras e técnicos, a cordialidade, a atenção, deixaram-me tranquilo, seguro, de que ali eu teria os melhores cuidados possíveis.

E não é só isso, as pessoas que lá trabalham formam de fato uma equipe com união, companheirismo, que traziam não só a mim, mas a todos os pacientes internados que lá estavam, tranquilidade e certeza de que estavam em um dos melhores hospitais do Brasil.

Contudo, quando fui levado para a sala de cirurgia robótica, e vi a equipe interna que lá estava, todos zelosos nas suas funções, desempenhando cada qual o que lhes cabia, a robot que mais parece uma peça de ficção científica tamanha sua modernidade, aquele meu coração medroso, ansioso, passou ser esperançoso e assim foi.

Por isso, escrever cartas para elogiar, quando a maioria das pessoas apenas fazem queixas, deveria ser uma obrigação como esta que faço agora. A cirurgia de mais de quatro horas foi um sucesso, todos se empenharam, as enfermeiras e enfermeiros do pós operatório foram extremamente gentis e eficientes e só me resta agradecer e parabenizar a todos com os quais eu tive contato.

Ao Dr. Matheus Paiva que participou da cirurgia e sobretudo ao Dr. Elói que fez o diagnóstico correto do meu caso e liderou o processo cirúrgico pelo qual passei, deixo não apenas a minha admiração, mas faço questão de que todos saibam de suas competências profissionais.

Por fim, fico imaginando que, em 1543, Brás Cubas houvera criado essa Casa Santa para que num 13 de maio de 2022 eu pudesse ser atendido como fui. Nas mensagens trocadas com doutor Elói, eu sempre lhe dizia que “tudo será como deve ser”. E foi assim, só que, mais que isso, foi muito melhor.

Desta forma, deixo, 479 anos após, meu agradecimento àquele visionário português que iniciou o desenvolvimento de nossa região e a criação dessa Santa Casa, Brás Cubas. Mas sobretudo, do fundo meu coração, quero dizer obrigado ao meu urologista, que me operou com maestria, que fez o diagnóstico correto do que me acometia, por isso, de peito aberto e com muito carinho, quero dizer “obrigado, Dr. Elói Guilherme Provinciali Mocellin”.

Sérgio Motti Trombelli
é professor universitário e palestrante

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